Americanas: entenda como a empresa está se reerguendo após o rombo bilionário

Com o plano de recuperação judicial em andamento, a Americanas começa a dar sinais de que está se reerguendo após o rombo milionário que veio à tona em 2023 devido a inconsistências contábeis. Conforme dados divulgados em setembro de 2024, a companhia eliminou quase a totalidade das dívidas concursais, reestruturou sua estrutura de capital e reverteu seu patrimônio líquido de R$ 30,4 bilhões negativos em junho para R$ 5,7 bilhões positivos.

Foi em setembro, ainda, que a empresa divulgou a nomeação de Fernando Dias Soares como Vice-Presidente de Operações (COO). Contratado com o objetivo de otimizar processos e gerar sinergias nas áreas de Logística, Real Estate, Operação de Lojas e Prevenção de Perdas, o executivo conta em entrevista que muitas decisões estratégicas já foram colocadas em prática, mesmo num curto espaço de tempo, e que as expectativas para 2025 são desafiadoras, mas promissoras.

Quais ações foram feitas em 2024 para a Americanas se reerguer e se fortalecer no varejo?

A Americanas celebrou 95 anos de história junto aos consumidores brasileiros em setembro deste ano, mesmo mês em que ingressei na companhia, e temos nos dedicado completamente a um novo momento da companhia, de transformação e construção de uma Americanas mais leve, mais simples e mais rentável.

Com a capitalização e os pagamentos da maior parte dos nossos credores do plano de recuperação judicial, eliminamos quase a totalidade das dívidas concursais e voltamos a apresentar resultados importantes, com reversão do prejuízo e do patrimônio líquido para patamares positivos. Assim, passamos a focar na operação, inaugurando uma nova fase da estratégia de negócio, pautada em novos pilares: eficiência operacional, eficiência comercial, que inclui a eficiência financeira, e resgate da nossa credibilidade perante os diversos públicos. Nossos times trabalharam intensamente para oferecer uma experiência que conecte preço, qualidade e um atendimento que realmente faça a diferença, mostrando aos consumidores as mudanças que já começamos a implementar e muitas outras que ainda estão por vir.

Qual foi o ponto de partida desse processo de transformação?

Ele começou pela base da companhia, que são as pessoas e a nossa cultura. Revisamos nosso propósito, que traz a essência da Americanas de resolver a vida dos consumidores, e os nossos valores, que seguem alinhados com o que a gente já construiu: servir melhor o cliente, ser plural e resiliente, fazer o que é certo e gerar impacto positivo na sociedade.

Esse movimento se deu paralelamente à minha chegada e a de outros executivos para fortalecer frentes estratégicas importantes para a companhia, como Gente, Serviços Financeiros, Marketplace e Digital e Hortifruti Natural da Terra.

Em relação às lojas, quais as mudanças?

Foi realizado um trabalho intenso de reorganização de lojas, redefinição de tamanho e layout adequados, padronização da exposição e sortimentos ajustados à demanda, além da continuidade dos projetos de modulação de loja, precificação e reestruturação da logística. A Americanas vive um momento especial e de grandes transformações, mas sabemos que ainda temos muito trabalho pela frente. Nossos resultados do terceiro trimestre deste ano já apontam que estamos no caminho certo.

Quais serão os próximos passos?

Em 2025, nosso foco será intensificar a busca por eficiência, com destaque para a reorganização de lojas e a redefinição do tamanho e layout adequados para cada unidade. A padronização da exposição e a adaptação de sortimentos de acordo com o perfil de cada região também são prioridades. Além disso, seguiremos investindo em uma logística cada vez mais eficiente, garantindo que nossas lojas estejam bem abastecidas e com a melhor experiência de compra.

Vamos continuar a realizar um trabalho contínuo na otimização do espaço e na melhoria da setorização das nossas lojas. A organização mais eficiente e um fluxo intuitivo fazem com que o consumidor interaja com mais categorias e encontre produtos de forma mais rápida e prática. Esse trabalho não só melhora a experiência de compra, mas também reforça o desempenho de cada loja.

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Alguma categoria, em especial, deve merecer destaque?

O sucesso da Black Friday deste ano reflete diretamente o que estamos construindo com esse novo modelo de loja e mix de produtos. Linhas como Utilidades Domésticas, Limpeza e Cama, Mesa e Banho, por exemplo, têm sido um grande diferencial em nosso sortimento e vamos continuar a focar nessas categorias, que são essenciais para os nossos clientes.

Há expectativa de abertura de novas lojas?

Serão feitas avaliações pontuais. Nossos estudos até aqui mostram, por exemplo, que a nossa presença é relevante na região Nordeste e que ainda tem oportunidade de crescimento no curto prazo. Outro ponto que estamos priorizando é a expansão dos serviços que oferecemos aos nossos clientes. Um dos exemplos disso é o retorno da assistência para celulares, um serviço complementar à nossa venda que proporciona uma experiência completa para os nossos consumidores, agregada à venda de Telefonia.

A operação digital também deve passar por mudanças?

Sim. A estratégia para 2025 inclui um novo desenho para o nosso marketplace, com o objetivo de ancorar lojas de grandes indústrias na nossa plataforma. Além disso, queremos ampliar o serviço de entrega de pedidos do online a partir das lojas (O2O), tornando a experiência de compra ainda mais integrada e eficiente. Essa evolução do canal digital é uma alavanca importante para a fidelização dos clientes e para a customização da experiência de compra.

No próximo ano, a frente de serviços financeiros também ganha mais relevância, com o retorno de modalidades de crédito que já foram oferecidas anteriormente pela companhia. Essas soluções são parte do nosso compromisso de entregar uma experiência de compra cada vez mais completa, tanto no digital quanto no físico.