Ninki Supermercados: a reinvenção que dobrou as vendas e prepara a rede para o crescimento

Transformar um supermercado não é uma tarefa simples, especialmente em tempos de alta competitividade e mudanças nos hábitos de consumo. No entanto, é exatamente esse o desafio que Antonio Ferreira de Sousa, diretor operacional do Ninki Supermercados, assumiu há seis meses. Mais conhecido no mercado como “Toninho” e com uma trajetória que abrange 54 anos no varejo, ele trouxe sua vasta experiência para a rede familiar, com o objetivo de modernizar e revitalizar as lojas. O que começou como uma missão para reorganizar o layout e melhorar a experiência do cliente resultou em um aumento expressivo nas vendas, especialmente no setor de bebidas, e um novo posicionamento estratégico para a rede.

A rede Ninki Supermercados, gerida por dois irmãos e com mais de 22 anos de mercado, conta atualmente com quatro lojas localizadas na Zona Norte de São Paulo. Mesmo com um bom histórico, a necessidade de inovação era clara. “Eles não tinham tempo para cuidar de todas as áreas operacionais, então me convidaram para um desafio: inovar o layout e fazer mudanças que aumentassem o movimento das lojas”, relata Toninho em entrevista exclusiva para a SuperVarejo.

Reestruturação de layouts e categorias

Ao longo dos últimos seis meses, o Ninki teve uma mudança radical em seu layout das lojas, com foco na organização mais eficiente dos produtos e na experiência do cliente. “Mudamos praticamente todos os corredores e reorganizamos as categorias. O consumidor, ao procurar cereais, por exemplo, agora encontra todos os itens correlatos no mesmo espaço, sem precisar atravessar a loja”, diz Antonio.

Essa mudança, segundo Toninho, foi vital para otimizar a experiência de compra. Antes, produtos complementares estavam dispersos, o que dificultava a jornada do cliente. Agora, os itens estão estrategicamente posicionados, o que não apenas facilita as compras, mas também aumenta a probabilidade de compras adicionais. “O cliente que busca farinha de trigo encontra o arroz e feijão no mesmo corredor. Isso é gerenciamento por categoria”, explica.

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Revolução no setor de bebidas

Uma das mudanças mais expressivas foi a reformulação do setor de bebidas. Antes, a adega estava no fundo da loja, quase oculta aos olhos dos consumidores. Toninho viu nisso uma oportunidade. “Eu sabia que a adega é um setor apreciado, especialmente por quem gosta de vinhos e bebidas finas. Decidi trazer a adega para a frente da loja, fazendo com que o cliente passasse por ela ao entrar”, revela.

Essa mudança gerou resultados positivos. As vendas de vinhos e bebidas quentes dobraram nos últimos meses, transformando a adega em um dos principais pontos de venda da unidade da Avenida Casa Verde. “Hoje, muitos clientes passam pela adega, mesmo que não tivessem a intenção inicial de comprar bebidas, e acabam levando algo. Essa foi a estratégia: tornar a adega um ponto de passagem obrigatório”.

Além de mudar a posição da adega, Toninho e sua equipe revisaram o mix de produtos, retirando itens de baixa rotatividade e inserindo novos produtos que atendem melhor ao perfil do consumidor. “Recebemos muitas sugestões dos clientes, que nos ajudaram a ajustar o que era oferecido. Agora, conseguimos oferecer um mix mais adequado e competitivo”.

O que torna o processo de reestruturação ainda mais notável é que foi feito sem interromper as operações das lojas. “Nós reestruturamos as lojas sem fechar um único dia. Trabalhamos em horários alternativos, intercalando as mudanças com o funcionamento normal”, conta Toninho. Para reorganizar e limpar os setores, a equipe trabalhou durante a noite e aos domingos, desmontando e remontando prateleiras e reorganizando os corredores sem gerar impacto negativo para os consumidores.

Toninho faz questão de destacar o esforço da equipe de reposição. “Esses colaboradores foram essenciais. Eles trabalharam além do horário, desmontaram prateleiras, reorganizaram tudo e ainda ajudaram na limpeza da loja. Por isso, decidi criar um pequeno evento de reconhecimento, onde cada um deles recebeu um troféu e um livro que eu escrevi, contando a minha trajetória de vida e carreira no varejo”.

Desafios com mão de obra

Apesar dos avanços, Toninho reconhece que um dos maiores desafios do Ninki, e de todo o setor supermercadista, é a retenção de funcionários. “Hoje, a rotatividade é alta. Muitos jovens veem o supermercado como um emprego temporário, não como uma oportunidade de carreira. Eles querem resultados rápidos e, no varejo, o crescimento é gradual”.

Para enfrentar esse desafio, o Ninki está investindo no desenvolvimento de talentos internos. “Nós oferecemos oportunidades para todos. Muitos dos nossos operadores de caixa e encarregados começaram em cargos mais simples e cresceram aqui dentro. Queremos incentivar essa cultura de crescimento”.

A próxima fase da estratégia de Toninho é consolidar a operação das quatro lojas da rede antes de considerar novas expansões. “Estamos focados em estruturar bem o que já temos. A expansão virá naturalmente, mas só depois que tivermos certeza de que as lojas atuais estão funcionando de forma impecável”.

“Estamos em um bom caminho. O que fizemos até agora é só o começo. O futuro do Ninki Supermercados é de inovação constante e crescimento sustentável, sempre com o cliente no centro de tudo que fazemos”, conclui Toninho.