Por Vitor Garcia
5 de agosto de 2022Precificação inteligente é uma tendência para os supermercados: veja dicas para aplicar na sua loja
Paulo Garcia, CEO e fundador da InfoPrice, fala sobre os desafios, vantagens e como usar a tecnologia corretamente
A precificação inteligente nos supermercados é uma tendência, mas também gera incertezas nos gestores supermercadistas, principalmente quando a operação não conta com opções de ferramentas de tecnologia. Considerando um mix de aproximadamente mil produtos em um supermercado, o que fazer quando é preciso alterar os preços? Para evitar o trabalho manual, otimizar o tempo e agilizar todo o processo, só existe uma saída: tecnologia. Assim, além de automatizar toda a política de preços da loja, o gestor acompanha indicadores de vendas, de margem e de competitividade da empresa no mercado.
Em entrevista exclusiva para a SuperVarejo, Paulo Garcia, CEO e fundador da InfoPrice, afirma que a startup brasileira focada em pricing e precificação dinâmica para o varejo, acompanha desde os setups iniciais até a definição da estratégia, usando soluções de precificação e visibilidade de preços. Sobre produtos que não estão sofrendo influência da inflação, o executivo destaca que a visão de mercado é necessária para aumentar os preços ou não, de acordo com a demanda. Garcia também comenta sobre precificação inteligente em pequenos e médios supermercados e a principal diferença em relação às grandes redes. Acompanhe a entrevista.
SuperVarejo: Qual a melhor forma de aplicar a precificação inteligente nos supermercados?
Paulo Garcia: Conhecer seu público alvo, concorrentes diretos e ter metas objetivas bem definidas. A partir disso, definir estratégias de precificação e aplicá-las com o auxílio de recursos tecnológicos, como software de precificação e de visibilidade de preços, para garantir eficiência operacional e competitividade adequada no mercado. Quando se trata de precificação em escala, a tecnologia permeia todo o processo.
Depois de definida a estratégia, é hora da precificação inteligente seguir para o monitoramento de mercado, a análise de margens e dos resultados financeiros. Acompanhar os preços dos produtos dos concorrentes diretos e indiretos permite que o varejista encontre oportunidades de ser mais competitivo ou de aumentar sua margem e oferecer uma precificação adequada ao seu público alvo.
Fazer a gestão desses preços pode ser um desafio ainda maior quando não se tem tecnologia. Imagine um cenário de 1 mil produtos que precisam ser alterados os preços e a única forma de fazê-lo é manualmente. Com tecnologia, você consegue automatizar toda política de preços da sua loja e ainda acompanhar indicadores de vendas, margem e competitividade.
SuperVarejo: Como usar uma ferramenta de precificação inteligente para combater a inflação?
Paulo Garcia: A pesquisa de preço do InfoPanel é eficiente para acompanhar a evolução de preços do mercado. É necessário entender o que está sendo praticado no mercado, para que o varejo consiga melhorar suas condições de negociação ou ainda estabelecer parcerias com outros supermercadistas para ter mais poder de negociação junto à indústria. Cada vez que a inflação aumenta, fica mais difícil fazer as mudanças de preço na loja. Se o varejista aumentar o preço sozinho, perde vendas. Mas se todo o varejo sobe em conjunto, também deve repassar os preços ou pode quebrar.
Em último relatório do IBGE, houve alta nos alimentos para consumo no domicílio (0,63%), como leite longa vida (10,72%) e feijão-carioca (9,74%). Já em abril, os preços tinham avançado em 3,00%, principalmente, o tomate (26,17%) e o leite longa vida (12,21%). Apesar do resultado abaixo em junho, o maior impacto continua sendo em Alimentos e Bebidas. Para os produtos que não estão sofrendo influência da inflação, é importante ter a visão de mercado para aumentar os preços ou segurar quando a demanda não acompanha.
SuperVarejo: Quais os principais desafios dos supermercados em relação à precificação?
Paulo Garcia: O varejo ainda é resistente em adotar tecnologia como método de precificação. Um grande desafio é a falta de visibilidade sobre a sensibilidade dos SKUs, pois todos os demais desafios passam necessariamente por entender a sensibilidade dos itens do seu sortimento, ou seja, a correta segmentação dos produtos. Sem isso, fica mais difícil criar estratégias eficientes de precificação porque cada sensibilidade requer uma estratégia diferente a ser aplicada em relação ao preço.
Sem essa visibilidade prévia, erros na precificação se tornam inerentes ao processo porque alguns produtos poderiam estar mais caros do que deveriam e outros mais baratos (mais competitivos). Se esta segmentação fosse feita de maneira adequada, seria possível garantir uma boa imagem de preço ao consumidor. Esse erro acaba gerando pouca lucratividade, redução de vendas e perda de posicionamento no mercado
A grande oportunidade de aumento de margem do varejo está no fundo de sortimento e sabemos o quanto é trabalhoso e quase impossível precificar corretamente esses itens sem auxílio de soluções como a InfoPrice. A carga operacional que se demandaria para precificar de forma estratégica entre 5 e 10 mil itens é muito maior do que os 800 itens que são responsáveis pela maior parte do seu faturamento. E essa situação se repete na esmagadora maioria dos varejistas do país. E a soma de todos esses desafios deságua, sem sombra de dúvidas, na dificuldade em criar estratégias e métricas a serem alcançadas.
SuperVarejo: Precificação inteligente é aplicável em pequenos e médios supermercados? Qual a principal diferença em relação às grandes redes?
Paulo Garcia: Sim, totalmente aplicável, principalmente em momentos de crise, mas também em todos os momentos. A principal diferença entre as grandes redes e pequenos supermercados é o tamanho do investimento em tecnologia. Além disso, grandes redes possuem maior poder de negociação junto a indústrias e distribuidores e com isso conseguem melhores custos para revender. Sabemos que, no Brasil, leva tempo para as tecnologias alcançarem todos os públicos e esse é o caso da Inteligência Artificial, por exemplo.
As grandes redes possuem orçamento e acesso a essas tecnologias mais avançadas, mas qualquer supermercado pode começar a realizar a pesquisa de preço e definir estratégias, os passos iniciais da precificação inteligente. Com isso, ele começará a ver resultados positivos, melhora nas margens dos produtos e, com um lucro melhor, ele consegue investir em outras ferramentas. Acreditando nisso e seguindo o propósito de democratizar o acesso à informação de preço, lançamos uma versão gratuita do nosso painel que conta com mais de um bilhão de dados de preço.
SuperVarejo: Quais as principais vantagens da precificação inteligente para os supermercados?
Paulo Garcia: Aumento de margem, de rentabilidade e de vendas. É muito simples: quanto mais informações, mais chances de tomar decisões corretas. O varejista que investe na precificação inteligente está investindo no crescimento sustentável da sua loja, pois irá garantir o aumento da margem de lucro e da competitividade. Ao aplicar preços de maneira inteligente ele tem a confiança que o preço está adequado ao shopper, de acordo com o que ele está disposto a pagar pelo produto ou serviço.