
Por Redação
29 de abril de 2025Como redes de supermercado estão transformando comunidades com responsabilidade social
Conheça iniciativas que unem varejo, colaboradores e territórios e revelam o novo DNA corporativo das empresas do setor
No cenário atual, onde consumidores exigem mais do que preços baixos e produtos de qualidade, as redes varejistas estão reposicionando suas estratégias para incluir a responsabilidade social como pilar central de conexão com as comunidades. O Supermercado Pinheiro, por exemplo, adotou o slogan "Bom Vizinho" e transformou-o em uma filosofia operacional, com projetos que vão desde educação infantil até apoio jurídico a famílias.
Segundo Xenia Pinheiro, diretora de gestão de pessoas da rede, as ações socioambientais não são apenas projetos paralelos, mas parte do DNA da empresa. “Essa visão ecoa um movimento maior: empresas estão integrando iniciativas sociais ao core do negócio. Hoje, as soluções para comunidades precisam estar intrinsecamente ligadas à operação da empresa", explica Barbara Almeida Ladeia, professora da FIA Business School.
Há dez anos o Instituto Bom Vizinho (IBV), localizado na comunidade da Paupina, Fortaleza, oferece aulas de música, inglês, reforço escolar, informática, cultivo de horta, cursos profissionalizantes e atendimento jurídico. "Queremos preparar esses jovens não apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida", afirma Xenia.
Rede como agente de transformação
A executiva explica que o projeto criado pela rede Pinheiro é sustentado por voluntários da própria empresa, que doam tempo e expertise e mostram o reflexo da política interna de incentivo ao voluntariado. “A estratégia não para no IBV. Outras iniciativas, como o "Projeto Viver Melhor" e o "A Escola Vai ao Cinema", reforçam a ideia de que o varejo pode ser um agente de transformação cultural”, diz a diretora de gestão de pessoas da rede.
Para Barbara, os projetos assinados pela rede varejista ilustram uma tendência no mercado varejista. “As empresas estão mapeando as fragilidades do território e usando seus recursos para endereçá-las de forma estrutural, não apenas paliativa", analisa a professora da FIA Business School.
Para Xenia, a melhor maneira de dimensionar o sucesso de projetos sociais está nas métricas simples, porém significativas. "Avaliamos quantos alunos são empregados após os cursos, quantas famílias aumentam a renda e como essas mudanças reverberam na comunidade. Anualmente, a rede publica um relatório de sustentabilidade, detalhando avanços e planejando os próximos passos. A transparência é essencial para manter a credibilidade", ressalta.
“Exemplo vem de dentro”
Barbara Almeida alerta para um erro comum cometido por empresas que é confundir resultados imediatos com impacto real. "Capacitar 500 jovens é um número, mas o verdadeiro impacto está em como isso melhora suas condições de vida a longo prazo. Empresas maduras em ESG (Environmental, Social, Governance) estão adotando indicadores qualitativos, como histórias de vida transformadas e redução de desigualdades sistêmicas. Sem essa profundidade, iniciativas perdem relevância e morrem", avalia a professora.
De acordo com a diretora de gestão de pessoas da rede Pinheiro, antes de estender ações à comunidade, a empresa investiu em programas para colaboradores, como incentivos educacionais e cuidados com saúde mental. "O exemplo vem de dentro. Quando os funcionários se sentem valorizados, tornam-se embaixadores das causas. Na frente ambiental, práticas como logística reversa e estímulo ao uso de bicicletas são adotadas primeiro pela equipe, depois replicadas no entorno", diz Xenia.
Barbara ressalta que alinhar iniciativas ao core do negócio facilita o engajamento coletivo. "Se um supermercado capacita jovens para o mercado de trabalho, está formando mão de obra para si e para a região. Todos ganham. Iniciativas que permitem que o consumidor participe ativamente, como doações vinculadas a compras, criam um ciclo virtuoso de impacto", aconselha a docente da FIA Business School.
Desafio e varejo como liderança
Implementar projetos sociais não é livre de obstáculos e Xenia admite que o maior desafio é alinhar expectativas entre empresa, colaboradores e comunidade. “A falta de diálogo com as comunidades é um risco crítico. Empresas bem-intencionadas, mas desconectadas da realidade local, geram iniciativas desconexas e efêmeras", alerta Barbara.
Para o futuro, a rede Supermercado Pinheiro espera ampliar o alcance do Instituto Bom Vizinho (IBV) e fortalecer práticas de governança. "Queremos impactar mais pessoas, dentro e fora da empresa", planeja Xenia. Já Barbara vislumbra um cenário onde o varejo irá liderar as mudanças sistêmicas. "Empresas que integrarem ESG ao DNA não apenas sobreviverão, mas ditarão o futuro do consumo", completa a professora da FIA Business School.