Varejo se prepara para o Natal de olho no comportamento e no orçamento do consumidor

De acordo com pesquisa recente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as vendas no varejo para o Natal de 2024 devem crescer 2,1% em relação ao ano anterior. O aumento reflete uma recuperação cautelosa do consumo, junto com a priorização de produtos essenciais, comportamento detectado pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) em uma pesquisa que aponta que os alimentos básicos lideram as listas de compras para o período.

Segundo o professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), José Mauro Nunes, mesmo em tempos de crise, o consumo de alimentos e bebidas no Natal é garantido. “É um momento que une as famílias, mas com o cenário atual, os consumidores tendem a trocar opções mais caras por alternativas que caibam no orçamento. Essa troca, conhecida como trading down , reflete o impacto da inflação e das taxas de juros elevados”, afirma.

A digitalização do varejo segue crescendo com destaque para as compras online e, dados do Ebit - Nielsen indicam que o e-commerce no Brasil cresceu 12% no primeiro semestre deste ano, com grande adesão em períodos sazonais como o Natal. Para André Marinoni, especialista em planejamento estratégico, os produtos não perecíveis, bebidas e cestas natalinas lideram as vendas no canal digital, devido à conveniência e à entrega rápida.

Compras online avançam, mas lojas físicas ainda dominam

Mesmo diante de um cenário altamente favorável para as vendas online, o comportamento do consumidor brasileiro ainda mantém uma forte ligação com o varejo físico, especialmente ao fazer compras de produtos alimentares. “O hábito de escolher alimentos presencialmente, combinado com promoções de última hora, fortalece o ponto de venda. É um momento de experiência e socialização, que o e-commerce ainda não consegue substituir por completo”, ressalta José Mauro Nunes.

De acordo com Marinoni, para atrair consumidores e equilibrar as vendas de itens essenciais e que simbolizam o período natalino, os supermercados devem apostar em estratégias variadas. “A precificação inteligente e promoções combinadas, como descontos em produtos de Natal, na compra de itens básicos, são ações fundamentais. Além disso, a integração de canais online e offline permite que os consumidores transitem entre experiências digitais e físicas com fluidez”, explica o especialista.

• Receba no WhatsApp notícias da SuperVarejo.

Atenção com filas longas e com o orçamento do consumidor

O professor de MBAs da FGV ressalta a importância de facilitar os meios de pagamento para facilitar e melhorar a experiência do consumidor. “O uso do parcelamento no cartão de crédito, descontos via PIX e até programas de fidelidade são diferenciais que impulsionam as vendas. Mas, não podemos esquecer do serviço porque muitos supermercados ficam com filas longas que podem afastar os clientes nesse período”, destaca Nunes.

Para André Marinoni, o Natal de 2024 deve ser pensado pelas empresas como uma combinação de estratégias tradicionais e digitais, que serão essenciais para atender um consumidor cada vez mais consciente, exigente e atento ao orçamento. “Afinal de contas, o Natal segue sendo um momento de celebrar. Porém, para o consumidor o desafio deste ano está em equilibrar o desejo de festejar com a realidade econômica do país”, completa.