Americanas lucra R$ 10,3 bilhões no terceiro trimestre de 2024

A Americanas apresentou, no terceiro trimestre de 2024, os primeiros sinais de recuperação e reestruturação, após o anúncio do rombo financeiro de R$ 20 bilhões em janeiro de 2023.

Pela primeira vez desde 2022, a receita líquida consolidada da Americanas apresentou crescimento anual, com alta de 0,6%, totalizando R$ 3,2 bilhões. No mesmo período, o lucro bruto cresceu 9,2%, alcançando R$ 1,0 bilhão, impulsionado por ajustes no mix de produtos, redução na exposição a itens de baixa margem e melhorias logísticas. A margem bruta do trimestre foi de 32,4%, uma alta de 2,6 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2023.

Outro destaque foi o EBITDA ajustado, que reverteu um resultado negativo de R$ 269 milhões no terceiro trimestre de 2023 para um saldo positivo de R$ 497 milhões no mesmo período deste ano. A empresa também reportou um lucro de R$ 10,3 bilhões no trimestre.

O varejo físico foi o principal motor de crescimento da Americanas no trimestre, com um avanço de 11,2% no GMV (volume bruto de mercadorias) em relação ao terceiro trimestre de 2023. Esse segmento já representa 73% do GMV total da companhia, refletindo a nova estratégia de priorizar operações físicas em detrimento de categorias menos rentáveis no digital.

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Por outro lado, o GMV digital registrou queda de 45,5%, alinhado à estratégia da empresa de reduzir a exposição a itens de alto tíquete e menor margem. A Americanas reforçou que o canal digital está em processo de estabilização e funcionará como complemento às lojas físicas, com iniciativas voltadas para fidelização de clientes e parcerias financeiras.

Desde o início de 2023, a Americanas tem implementado uma série de iniciativas para elevar a eficiência comercial e operacional. Essas ações incluem a adoção de modelos regionais de precificação, reorganização de layouts em lojas, redução de estoque de produtos de baixa rotatividade e fechamento de unidades com baixo desempenho. No terceiro trimestre, 21 lojas foram descontinuadas, resultando em uma redução de 1,4% na área de vendas.

A empresa também ampliou o uso de tecnologia em sua operação logística, como o projeto "Alta Frequência", que aumentou a recorrência de abastecimento e reduziu rupturas em itens de maior demanda. Além disso, a adoção de modelos mais inteligentes de controle de estoque ajudou a melhorar índices de giro e disponibilidade de produtos.

Impactos do plano de Recuperação Judicial

A companhia eliminou quase a totalidade das dívidas concursais, reestruturou sua estrutura de capital e reverteu seu patrimônio líquido de R$ 30,4 bilhões negativos em junho para R$ 5,7 bilhões positivos em setembro de 2024.

Entre as medidas realizadas, destaca-se o pagamento aos credores que optaram pela Reestruturação II e pelo Leilão Reverso, totalizando haircuts de R$ 11,8 bilhões, além da reversão de juros e variações monetárias no valor de R$ 4 bilhões.

A venda da Ame Digital, anunciada em setembro, é parte do planejamento estratégico para concentrar esforços no fortalecimento do varejo e na criação de um novo programa de fidelidade.