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Varejo
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Por Redação
1 de agosto de 2025

Como redes de supermercados estão se preparando para enfrentar crises políticas e econômicas

Em meio à instabilidade política e econômica, grandes redes supermercadistas adotam estratégias de planejamento, tecnologia e parcerias para garantir resiliência e manter preços competitivos, assegurando o abastecimento das lojas.

Diante da crescente volatilidade dos cenários políticos e econômicos, redes de supermercados brasileiras enfrentam desafios cada vez mais complexos que impactam desde a cadeia produtiva até o abastecimento das gôndolas. Para garantir a continuidade das operações e a satisfação do consumidor, essas empresas têm investido em estratégias que combinam planejamento rigoroso, parcerias sólidas e tecnologia avançada, buscando resiliência em tempos de incerteza.

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Para a diretora de Marketing da rede Dalben, Fernanda Dalben, a antecipação é um dos pilares essenciais: "Primeiro, ter uma relação bem próxima com a indústria para entender as movimentações, fazer um planejamento, acho que isso é muito importante porque a própria indústria tem algumas informações de quando vai aumentar o preço, de quando vai ter uma instabilidade, para que a gente consiga antecipar esses pedidos com melhor negociação", diz.

Na rede Asun, o diretor Comercial, Jairo Antonio Da Silva destaca a importância da diversificação para reduzir riscos: "A Asun busca um leque variado de fornecedores, tanto locais quanto de outras regiões, e mantém um mix de produtos que inclui marcas de menor custo e embalagens menores, além dos produtos importados com excelente custo-benefício", destaca. Segundo o executivo, essa estratégia permite oferecer ao cliente alternativas diante da alta de preços em determinados segmentos, sem comprometer o orçamento familiar. “Além disso, a rede busca equilibrar o estoque para evitar excessos e rupturas, utilizando sistemas rigorosos de controle que impactam diretamente na saúde financeira da empresa”, emenda.

Planejamento e parcerias: a base para mitigar riscos

De acordo com Fernanda Dalben, a construção de parcerias estratégicas e o alinhamento com fornecedores e operadores logísticos são elementos centrais para garantir a continuidade do abastecimento, especialmente em contextos de instabilidade. "Essa questão mesmo do planejamento, dessas parcerias, principalmente sabendo de uma possível instabilidade, nos ajuda a planejar esses volumes, tentar fazer uma melhor negociação dentro da nossa realidade e tentar otimizar a questão de frete", afirma a diretora.

Jairo Antonio reforça o papel da colaboração e do mapeamento de riscos para evitar vulnerabilidades. "Fortalecemos o relacionamento com fornecedores e parceiros logísticos, estabelecendo canais de comunicação abertos e transparentes. Essa colaboração permite o compartilhamento de informações sobre previsões de demanda e desafios, facilitando a busca por soluções conjuntas e ágeis." O diretor explica que a rede Asun também investe em alternativas logísticas e centros de distribuição diversificados para aumentar a capilaridade e mitigar impactos causados por imprevistos como greves ou desastres naturais.

Digitalização e dados: decisões mais assertivas em cenários imprevisíveis

O uso estratégico de dados e ferramentas digitais tem se tornado indispensável para as redes que buscam agilidade e assertividade na tomada de decisões em um ambiente de alta incerteza. Fernanda Dalben destaca que o uso de dados é fundamental nesse sentido. “Por exemplo, usamos o nosso CRM para entender esse comportamento de compra, essa mudança de comportamento do consumidor. Tem uma categoria que ele está deixando de comprar por uma questão muitas vezes de preços, onde a gente está menos competitivo. Então, a gente faz bastante pesquisa de mercado e pesquisa de concorrência também", ensina.

Além disso, a rede Dalben utiliza inteligência artificial para previsão de demanda e integra Business Intelligence (BI) para que diversos setores compartilhem informações em tempo real, agilizando ações operacionais quando necessário. "A gente andou construindo alguns BI's aqui, onde a gente consegue ver a, ter informações em tempo real e também compartilhadas com vários setores, como marketing, trade, comercial, operação, que enxergam os mesmos números, os mesmos dados, e isso dá uma agilidade, inclusive, operacional para a gente conseguir agir", aponta a diretora de marketing da rede Dalben.

Na rede Asun, a digitalização também é um diferencial estratégico com a implementação de uma plataforma avançada de análise preditiva. "Essa ferramenta permite prever picos e quedas de demanda com maior assertividade, otimizando compras, evitando desperdícios e garantindo o abastecimento. O sistema integra dados de vendas, estoques, informações climáticas e até tendências em redes sociais, oferecendo um panorama dinâmico para ajustar o mix e as promoções conforme as mudanças no comportamento do consumidor”, diz Jairo.

Estrutura e operação: fortalecendo a adaptabilidade

As mudanças estruturais e operacionais realizadas nos últimos anos têm sido decisivas para aumentar a adaptabilidade das redes diante de crises e instabilidades. Fernanda Dalben aponta que a construção de BI integrado entre setores é uma dessas transformações. "Isso dá uma agilidade, inclusive, operacional para a gente conseguir agir quando precisar, de repente, escoar um produto ou onde a gente sabe que vai ter um problema com o produto, a gente conseguir agir em tempo real", afirma.

Jairo Antonio Da Silva enfatiza um conjunto amplo de iniciativas da rede Asun. "Simplificamos e padronizamos processos de compra, recebimento e distribuição, tornando-os mais eficientes, menos suscetíveis a erros e mais resilientes a interrupções. Investimos também em treinamento e desenvolvimento da equipe, capacitando para resolução de problemas e tomada de decisão ágil", revela. Outro ponto fundamental destacado pelo diretor comercial da rede Asun é a modernização contínua da infraestrutura tecnológica, centralização das compras para fortalecer o poder de barganha e a criação de fundos de contingência para enfrentar situações emergenciais.

O delicado equilíbrio entre preço, margem e abastecimento

Segundo Fernanda Dalben, manter preços acessíveis ao consumidor, garantir margens de lucro saudáveis e assegurar o abastecimento constante é um desafio que exige estratégias muito bem calibradas. "Uma forma inteligente de preservar margem, eu acho que é a questão do CRM onde a gente faz ofertas cada vez mais direcionadas para o público exato, para não precisar fazer a promoção de massa para todo mundo. O mix de produtos é constantemente revisitado para garantir competitividade sem perder o foco no cliente, buscando marcas alternativas e parcerias com fabricantes para oferecer qualidade com o melhor preço”, ressalta a executiva.

Na visão do diretor comercial da Asun, a precificação dinâmica e a negociação agressiva são essenciais: "Utilizamos sistemas que analisam a concorrência, custos e demanda para ajustar os preços de forma estratégica por região. Em cenários de crise, a busca por condições comerciais mais favoráveis, como prazos de pagamento estendidos, descontos por volume ou parcerias de longo prazo, torna-se ainda mais vital. A rede também foca na eficiência operacional, reduzindo despesas e perdas para manter preços competitivos sem sacrificar a rentabilidade”, completa Jairo Antonio Da Silva.

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