
Por Redação
1 de agosto de 2025Destacar os produtos próximos da data de validade funciona? Entenda
Estratégia comum no varejo alimentar, prática busca evitar desperdício e aumentar o giro de estoque
Reduzir o desperdício, girar o estoque e ainda agradar o cliente com promoções: destacar produtos próximos do vencimento parece uma equação perfeita. No entanto, o sucesso da ação depende de vários fatores, como comunicação, localização e até tipo de produto. Veja respostas às 5 principais dúvidas sobre o assunto:
LEIA TAMBÉM
Como redes de supermercados estão se preparando para enfrentar crises políticas e econômicas
O que um supermercado vende: muito além da lista de compras
Destacar os produtos próximos da data de validade é uma boa estratégia para os supermercados?
Sim, desde que seja feita com planejamento e foco na redução de perdas, no giro de estoque, na atração de clientes mais sensíveis a preço e que buscam ofertas, e, claro, atenção à sustentabilidade, evitando o desperdício de alimentos.
O primeiro passo é informar claramente a data de validade e treinar equipes para fazer o rodízio correto dos produtos no modelo FIFO: First In, First Out. “É fundamental evitar que o cliente se sinta enganado. Transparência é essencial”, diz Roberto Nascimento, professor de Gestão de Negócios em cursos de MBA, Graduação e Pós-Graduação da ESPM.
Para Lucas Infante, CEO e cofundador da Food To Save, a lógica na questão é simples: se o produto está próprio para consumo, ele tem valor. “O problema não é a data, é o tempo que deixamos passar sem agir. Destacar esses itens na loja é uma forma inteligente de reduzir perdas, gerar economia ao cliente e mostrar que o supermercado está antenado com o que realmente importa”, salienta, reforçando que a Food To Save é um canal direto e escalável para dar vazão a esses produtos. “Através do nosso app, os supermercados conseguem vender alimentos com validade próxima de forma prática e eficiente, com alto giro e zero desperdício”, diz Lucas.
Quais produtos têm mais a ver com a estratégia? A ação funciona melhor com produtos perecíveis, de consumo imediato ou rápido, com alta rotatividade e/ou que mantêm qualidade até a data de vencimento. Exemplos: laticínios (leite, iogurtes, queijos); pães e panificados frescos; carnes, frios e embutidos; pratos prontos e congelados; bebidas com conservantes (sucos, refrigerantes) e produtos de higiene e beleza com vencimento próximo.
Onde posicionar esses produtos?
- “O ideal é usar áreas com visibilidade e fluxo, sem misturá-los com os produtos de validade longa”, avisa Roberto.
- Sugestões de posicionamento:
- Pontos extras promocionais (gôndolas, terminais ou ilhas)
- Próximos aos caixas ou entradas da loja
- Em uma “área de oportunidade”, sinalizada com destaque como “ofertas do dia” ou “últimos dias de validade”
- Separados por categoria, com identificação clara
“O importante é comunicar com clareza: o produto está próprio, só tem menos tempo na prateleira, por isso tem um preço melhor”, avisa Lucas. O CEO da Food to Save recomenda não depender só da loja física para a prática da estratégia. “A digitalização da operação ajuda muito. Além disso, monitorar onde estão as maiores perdas fará com que elas sejam reduzidas na fonte, seja na compra, na estratégia comercial ou no giro dos produtos”, diz.
Como adotar uma precificação assertiva? O que considerar?
Uma precificação bem pensada deve equilibrar custo, atratividade ao consumidor e margem. O ponto de partida é entender quanto tempo o produto ainda tem e qual o valor percebido pelo cliente. Quanto menor for o prazo, maior o desconto, desde que respeite a margem mínima. Também vale considerar o histórico de venda, a sazonalidade e a categoria. Desperdiçar nunca deveria ser uma opção viável.
Dicas extras
- Use etiquetas com desconto progressivo conforme se aproxima o vencimento. Exemplo: -20%, depois -40%.
- Avalie a margem mínima viável, ou seja, não venda abaixo do custo sem estratégia).
- Adote precificação dinâmica com apoio de tecnologia, como softwares de gestão de varejo.
- “Jamais esconda a data de validade. Isso gera confiança e evita reclamações”, reforça Roberto, da ESPM.
- “Lembre-se que destacar esses produtos significa vender melhor, mas também diz respeito a gerar impacto. Jogar fora um alimento próprio para consumo é desperdiçar valor, dinheiro e recursos”, declara Lucas. Ele afirma que em vários países da Europa, por exemplo, já existe uma cultura mais madura em relação a esse tema. O consumidor está acostumado a comprar produtos com vencimento próximo com total naturalidade, sabendo que o alimento continua seguro e de qualidade.
- É papel do varejo ajudar a educar as pessoas a consumirem de forma mais consciente, aproveitando produtos que continuam ótimos, por um preço mais justo.
Código de Defesa do Consumidor
O Código de Defesa do Consumidor assegura ao consumidor o direito de saber a data de validade dos produtos, garantindo que a informação seja clara, precisa e ostensiva. O CDC não proíbe a venda de produtos próximos da validade, desde que não estejam vencidos e que a informação sobre a proximidade do vencimento seja clara.