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Economia
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Por Redação
27 de fevereiro de 2025

Carnaval 2025 deve movimentar R$ 12,03 bi em atividades ligadas ao Turismo

Festa tem aumento de 9% no faturamento de produtos sazonais

Como uma das maiores festas populares do mundo, o Carnaval brasileiro movimenta a economia do país, principalmente no setor de Turismo e nas atividades ligadas a ele. "Algumas pessoas nem gostam de Carnaval, mas mesmo assim, movimentam a economia nessa época, como, por exemplo, quem vai para o interior de São Paulo ou de Minas Gerais, em regiões onde tem um apelo bem menor de fluxo de turistas. Esse movimento acontece, porque existe uma crescente na demanda do transporte, alimentação, hospedagem... A gente costuma dizer que o Carnaval está para o Turismo como o Natal está para o Comércio ", afirma Fábio Bentes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

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A expectativa é que o Carnaval de 2025, que acontece na primeira semana de março, movimente R$ 12,03 bilhões em receita em atividades econômicas tradicionalmente ligadas ao Turismo, de acordo com a CNC. A movimentação representa um crescimento de 2,1% ante o evento do ano anterior (2024), já descontada a inflação.

Para fazer o cálculo, são levadas em consideração as receitas de alimentação, transporte de passageiros, hospedagem, lazer, cultura, entre outros segmentos. “O setor de Turismo é muito transversal, como ele lida com deslocamento de consumidores, outros setores que não são tipicamente turísticos acabam se beneficiando desse movimento, como o próprio comércio”, complementa o economista.

Os destaques na gôndolas do supermercados

A Scanntech fez um levantamento para saber como foi o desempenho da cesta de produtos de Carnaval, composta por bebidas (água, água de coco, aperitivo, cerveja, energético, gelo, gin, mistura alcoólica, rum, tequila, vodca e uísque) e alimentos de consumo rápido (milho para pipoca, pão, petisco snack e salsicha). Durante 2024, a variação do faturamento dessa cesta foi de 5,7%, enquanto na semana do Carnaval, foi de 9%, ou seja, 3,3 pontos percentuais a mais. “Esse crescimento é reflexo de mudanças no comportamento de consumo dos brasileiros durante a festividade, marcada por viagens, festas e blocos de rua. Esses fatores impulsionam a compra de bebidas alcoólicas e não alcoólicas, snacks e itens práticos para consumo imediato”, afirma Felipe Passarelli, head de Inteligência de Mercado da Scanntech.

Um dos destaques no ano passado foi a venda de gelo, impulsionado pelas mudanças climáticas. “O aumento das temperaturas tem sido um fator determinante para a aceleração das vendas de algumas categorias específicas, sobretudo bebidas e seus complementos. O gelo saborizado, por exemplo, tem apresentado crescimento expressivo de volume, com alta de 41% em janeiro de 2025, antecipando uma forte demanda para o Carnaval deste ano. No evento de 2024, a categoria de gelo como um todo já havia registrado um avanço em faturamento de 47,8% na semana da festividade, impulsionada pelo aumento do consumo de drinques e bebidas geladas, sobretudo em eventos ao ar livre”, explica o executivo.

Segundo Passsarelli, também é possível perceber a preferência por tipos de loja nessa época do ano. “Em 2024, a cesta de Carnaval apresentou melhor performance, principalmente nos supermercados. Nas lojas com 5 a 9 checkout, as vendas cresceram 10,9%, enquanto nos formatos com mais de 10 caixas o aumento foi de 7,6%. Esses dados mostram que, nesse período, o consumidor prefere comprar, principalmente, em lojas de proximidade”, complementa.

Patamar da Copa e Olimpíadas

Se a previsão da CNC se confirmar, o volume financeiro das atividades típicas do Turismo no Carnaval, este ano, quase retomará o patamar de 2014, quando o valor foi de R$ 12,22 bilhões. Vale lembrar que entre 2014 e 2016, o Brasil estava em evidência global por causa dos grandes eventos esportivos que aconteceram por aqui: Copa do Mundo e Rio 2016. “Em 2015, a economia começou a entrar em recessão. Depois cresceu pouco, até 2020. Então, veio a pandemia, que foi uma tragédia. Em 2021, o faturamento foi praticamente metade do ano anterior. E, de lá para cá, começou um processo de recuperação nesse volume de receitas. Só que não conseguiu se recuperar plenamente porque, em 2022, teve uma inflação altíssima, o preço do barril de petróleo subiu, a passagem aérea aumentou...”, explica o economista da CNC.

Segundo Bentes, em 2024, uma conjunção de fatores positivos ajudou na recuperação do setor: mercado de trabalho evoluiu, preço de passagem aérea diminuiu e a taxa de câmbio beneficiou o turismo dentro do Brasil. “Para o turista estrangeiro, a gente tem, com o real mais desvalorizado, um destino mais barato a ponto de, no ano passado, ter registrado um recorde na chegada desses visitantes no Brasil. Foram 6,6 milhões, é pouco, mas é um recorde da série histórica”, conta.

Outro reflexo da boa influência do Carnaval na economia brasileira é a geração de empregos temporários. Para este ano, a CNC acredita que serão criadas 32,6 mil vagas temporárias, o melhor número desde 2014, quando foram geradas 55,6 mil vagas. No entanto, a taxa de efetivação será mais baixa que nos anos anteriores, ficando em 7%, ante 24% em 2021 e 2022; 11%, em 2022; e 9%, em 2024.

Prós e contras

Embora para os setores ligados ao Turismo, o Carnaval traga boas notícias, para a economia do país como um todo, a ideia de que o ano só começa depois das festas pode atrapalhar um pouco alguns segmentos da economia. “Muitos efeitos econômicos ficam postergados para depois do Carnaval. Então, quanto mais distante for a data, mais serão adiados. O que tenho verificado é que menos pessoas viajam para fora da sua cidade para curtir o Carnaval. São Paulo não era uma cidade destino, por exemplo. Para o varejo pode ser analisado do ponto de vista positivo, mas para a economia como um todo, não tenho certeza”, opina Nelson Beltrame, professor da FIA Business School.

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