IA generativa transforma o varejo físico: vitrines inteligentes, promoções sob demanda e atendimento personalizado ganham espaço nas lojas

A inteligência artificial generativa está deixando de ser apenas uma tendência futurista para se tornar uma realidade concreta nas lojas físicas. Do ajuste dinâmico de vitrines à geração de promoções sob medida, essa tecnologia começa a redefinir a forma como o varejo interage com seus clientes. Segundo especialistas, a personalização baseada em dados não apenas melhora a experiência do consumidor, mas também aumenta a eficiência operacional, o engajamento e a conversão no ponto de venda.

De acordo com Sérgio Assunção Monteiro, doutor em Ciências e professor da ESPM, a IA generativa está revolucionando o varejo físico ao analisar dados em tempo real, como histórico de compras, comportamento na loja e até variáveis externas, como o clima, para ajustar vitrines e promoções de maneira dinâmica. “Por exemplo, câmeras com visão computacional e sensores identificam o perfil do consumidor (idade, gênero, tempo de permanência) e, combinadas com modelos generativos, criam vitrines digitais que exibem produtos mais relevantes ou até mensagens personalizadas”, afirma.

Para o professor, essa adaptação imediata do ambiente ao perfil do cliente torna possível uma comunicação mais eficiente e direcionada. “Podemos fazer promoções em telas interativas ou via QR code geradas sob demanda, aumentando a probabilidade de conversão. Os principais benefícios disso incluem maior relevância na comunicação, redução de desperdício com campanhas genéricas e aumento do ticket médio. Já temos casos reais de lojas que usam espelhos inteligentes e displays adaptativos”, diz Monteiro.

Vitrine viva e ofertas direcionadas

Fabricio Tonegutti, diretor executivo do Grupo Mix Fiscal, compartilha a mesma visão e reforça o conceito de vitrine viva. “Hoje, a inteligência artificial generativa é como uma ‘vitrine viva’, que entende e se adapta ao perfil dos consumidores em tempo real. Por exemplo, usando ferramentas como o Mix Pricing, as lojas conseguem não só recomendar o preço certo para os produtos, mas sugerir a oferta certa na hora certa”, aponta.

Monteiro entende que os ganhos em conversão e engajamento são claros porque a IA generativa permite promoções hiper personalizadas, como descontos para itens complementares ou ofertas relâmpago para consumidores com perfil de compra decisiva. “Podemos ter lojas com dinâmica de preços em tempo real para aumentar conversões e realizar promoções contextualizadas para reduzir a taxa de abandonos de carrinho”, pontua o professor da ESPM.

De acordo com Sérgio Assunção, o uso de chatbots generativos para enviar cupons após a análise da cesta de compras é uma forma que as redes varejistas têm de reforçar as estratégias de fidelização. “O uso da IA generativa no ponto de venda traz ganhos reais. Temos visto aumentos expressivos de conversão, que podem superar os 20% a 30%, ao apresentar ofertas altamente direcionadas. Percebemos aumento da quantidade de itens por cupom, aumento no ticket médio e também da venda de produtos que são impulsionados pela oferta de outros produtos”, aponta Tonegutti.

Treinamento e cuidados com automação

Outra frente de transformação está no atendimento onde a IA generativa tem sido usada para treinar assistentes virtuais e vendedores com scripts personalizados baseados no perfil e histórico do consumidor. “Algumas redes de lojas já aplicam treinamentos com simulações de IA, onde vendedores praticam respostas a objeções comuns, geradas por modelos como o GPT-4. Isso reduz a curva de aprendizado e padroniza a qualidade do atendimento”, diz Monteiro.

Tonegutti complementa que esses scripts, além de entenderem o consumidor, ajudam os vendedores a antecipar suas necessidades. “Esses scripts, criados por inteligência artificial, são constantemente atualizados com informações de feedback humano, dando ao vendedor um argumento sólido de venda e eliminando objeções relacionadas a preços, tributação ou concorrência”, conta o diretor executivo do Grupo Mix Fiscal.

Para o especialista, existem cuidados necessários com a automação. “É fundamental garantir a naturalidade nas interações. A recomendação é investir continuamente em treinamento para evitar respostas mecânicas, garantir transparência e monitorar sempre a qualidade das informações geradas pela IA”, aconselha Tonegutti.

Barreiras e desafios da IA generativa

Segundo Monteiro, do ponto de vista técnico, a adoção da IA generativa no varejo físico ainda enfrenta barreiras. “Os maiores obstáculos incluem infraestrutura defasada. As lojas muitas vezes não têm conectividade estável para processar IA em tempo real e sistemas legados não integrados, como ERPs que não se comunicam com plataformas de CRM”, salienta.

Tonegutti destaca que a integração com sistemas legados ainda é um dos principais desafios. “É por isso que soluções que já nasceram integráveis apresentam um diferencial competitivo. Elas ajudam o varejista a superar essa barreira, facilitando a migração gradual para um ambiente digitalizado. Soluções especializadas já são projetadas para oferecer máxima segurança e compliance, respeitando dados sensíveis dos consumidores e informações estratégicas do varejista”, diz o diretor da Mix Fiscal.

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Unificação de experiências

O papel da IA generativa também é decisivo nas estratégias omnichannel pela capacidade de unificar a experiência entre canais físico e digital, um dos grandes diferenciais competitivos do setor. “A IA generativa unifica experiências ao cruzar dados online com comportamentos em loja física, por exemplo, sugerindo no app os produtos que o cliente visualizou na vitrine”, destaca Monteiro.

Tonegutti explica que a integração cria uma experiência fluida, engajadora e de alto valor percebido. “Imagine que o consumidor vê uma promoção no aplicativo e, ao visitar a loja física, encontra a mesma oferta personalizada, gerada automaticamente pela IA generativa, com todos os parâmetros fiscais corrigidos, e com preços dinamicamente calculados para aquele cliente em especial”, finaliza o especialista.