
Por Redação
9 de julho de 2025Employer branding para supermercados: como conquistar e engajar talentos em um setor de alta rotatividade
Estratégias alinhadas à cultura e ao negócio surgem como ferramentas para transformar colaboradores em verdadeiros embaixadores da marca e gerar vantagem competitiva
A construção de uma marca empregadora forte e autêntica se tornou uma prioridade estratégica para supermercados que desejam se destacar em um mercado cada vez mais competitivo. Em um setor marcado por alta rotatividade, jornadas intensas e margens apertadas, investir em employer branding é mais do que uma ação de marketing: é uma necessidade para garantir a sustentabilidade do negócio. Especialistas ouvidos pelo portal SuperVarejo revelam que, para o varejo alimentar, o segredo está em alinhar as estratégias de gestão de pessoas com o posicionamento de mercado, transformando o ambiente de trabalho em um diferencial competitivo real.
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De acordo com André Fischer, professor da FIA Business School, as iniciativas de employer branding devem estar totalmente integradas às estratégias do negócio. “A pergunta principal será sempre qual o posicionamento que a minha marca pretende. Queremos uma posição premium junto a clientes em busca de produtos sofisticados, focamos em um mercado de baixo custo voltado para o consumo popular ou um mercado do meio? Para cada caso haverá iniciativas e propostas diferentes”, afirma.
Outro aspecto destacado por Fischer é a importância de conhecer profundamente os colaboradores. “De onde elas vêm? Quem são? Como se constitui a família? Quais são suas necessidades? O que pensam a respeito das experiências que vivem na empresa? É o que chamamos hoje de ‘employee data analytics’”, explica. Para o especialista, somente com dados precisos sobre os funcionários é possível criar práticas eficazes de atração e construir um ambiente saudável, capaz de gerar engajamento e reduzir a rotatividade.
Iniciativas que fortalecem a reputação
Na avaliação do professor da FIA Business School, o relacionamento entre colaborador e cliente é um ponto crítico para o sucesso do supermercado. “Você não retorna para uma loja em que não foi bem atendido e esse atendimento depende de sua marca empregadora. Mas temos que ir além, contar para o público interno e externo o que a empresa faz para desenvolver seu vínculo com os colaboradores”, aponta. Fischer também destaca que valorizar os funcionários por meio de histórias reais, reconhecer quem faz mais do que o esperado e promover conquistas individuais são iniciativas que fortalecem a reputação da marca empregadora e transformam o atendimento em um diferencial percebido diretamente pelo consumidor.
Quando o assunto é engajar profissionais de diferentes gerações e perfis, Fischer destaca a importância de entender as especificidades de cada grupo. Para cargos iniciais, muitas vezes ocupados por jovens, ele enfatiza o papel do desafio e do apoio à formação educacional. “Diferenciando o desempenho de cada um, estimulando o desenvolvimento de novas competências e, principalmente, apoiando sua formação para novos passos no mercado de trabalho”, diz.
Fischer defende que mesmo sabendo que o colaborador jovem não permanecerá por muitos anos, é fundamental apoiá-lo em seus projetos para que ele se torne um embaixador positivo da marca, mesmo após sair da empresa. Para quadros mais técnicos e de gestão, o foco deve estar em políticas de retenção, desenvolvimento de competências e em uma gestão de carreira coerente com a estratégia do negócio.
Ambiente que traz orgulho e senso de pertencimento
A mensuração de resultados também é um ponto central e, de acordo com o professor Fischer, os programas de employer branding não exigem grandes investimentos financeiros e podem ser altamente eficazes. “Participar de pesquisas que identificam marcas empregadoras de sucesso como os Lugares Incríveis para Trabalhar, por exemplo, é totalmente gratuito. O levantamento e análise de dados sobre as pessoas exige alguns investimentos em software e horas de trabalho, mas trará resultados importantes ao definir perfis de contratação mais precisos”, afirma.
O docente complementa destacando a importância de associar programas de reconhecimento a bolsas de estudo, viagens e eventos culturais. “O importante aqui é a divulgação, o mérito e a definição de modelos e exemplos de comportamentos de destaque”, conclui. Beatriz Destefani Augusto, sócia-fundadora da Comunica PR, reforça que um dos principais desafios para supermercados é transformar uma operação percebida como funcional em um ambiente que gere orgulho e senso de pertencimento. “A alta rotatividade no setor está ligada a fatores como salários baixos, jornadas exaustivas e a ausência de planos claros de crescimento, o que reforça a importância de investir em estratégias de employer branding autênticas, que reflitam a realidade dos colaboradores e não apenas o discurso institucional”, alerta.
Beatriz ainda destaca que, no varejo, a forte presença local exige que a proposta de valor ao colaborador dialogue diretamente com a comunidade, promovendo impacto positivo e estimulando o desenvolvimento pessoal e profissional. “Não basta ter valores bem definidos no papel. É essencial que esses valores estejam presentes no cotidiano, nas atitudes das lideranças e nos processos internos”, afirma. A executiva sugere a utilização de ferramentas visuais, líderes multiplicadores e canais de escuta ativa para tornar a comunicação mais acessível, especialmente em ambientes operacionais como lojas e centros de distribuição.
Envolvimento e consistência entre discurso e prática
O envolvimento direto dos colaboradores na construção da cultura organizacional também é um fator decisivo para o sucesso. “Quando eles se veem como parte ativa da cultura, o alinhamento se fortalece e a experiência se torna mais autêntica e engajadora. Mostrar, de forma autêntica, o cotidiano da organização, os bastidores, histórias reais dos colaboradores e iniciativas que promovem desenvolvimento e bem-estar ajuda a tangibilizar a cultura interna e gerar identificação”, afirma a executiva.
Para Beatriz, a consistência entre discurso e prática é essencial para atrair talentos alinhados ao propósito da empresa e fortalecer o engajamento dos times. Beatriz também destaca ainda que iniciativas internas que valorizem a experiência emocional e relacional dos colaboradores são determinantes para transformar o ambiente de trabalho em um diferencial competitivo. “Programas de reconhecimento frequente, espaços para escuta ativa e feedbacks contínuos, planos claros de desenvolvimento e ações que reforcem os valores da empresa no dia a dia são fundamentais para promover engajamento e senso de pertencimento”, completa a sócia-fundadora da Comunica PR.