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Varejo
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Por Redação
2 de junho de 2025

Especial Regiões: “Tri legal” - Supermercado do Sul

Erva mate e carnes se destacam nas gôndolas das lojas sulistas, que apostam forte em produtos regionais para atrair consumidores

A nova série do portal SuperVarejo tem a proposta de explorar as diferenças de mix, consumo e apresentação das lojas em diferentes regiões do Brasil – identificando, em especial, o que as torna únicas. A primeira região a ser abordada é o Sul. E, de fato, seus supermercados locais têm um jeito peculiar de expor produtos e agradar os consumidores. Octavio Neto, diretor executivo da ACATS (Associação Catarinense de Supermercados), afirma que uma das características mais marcantes das redes de supermercados de Santa Catarina, por exemplo, é o fato de serem empresas familiares.

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“Os supermercados catarinenses se destacam pela forte conexão com a cultura regional, marcada por influências europeias, mas integrada com pessoas que chegam de todos os lugares do país e até de países vizinhos. Essa diversidade se reflete na qualidade de mão de obra, na oferta de produtos típicos e com selo de fabricação local, além de uma forte valorização de itens frescos e locais”, declara.

Outro diferencial das lojas sulistas é o fato de adotarem layouts que priorizam a experiência do cliente, com áreas amplas para carnes, padarias e produtos frescos, além de espaços que remetem ao conceito de mercados coloniais. “É comum encontrar estações para churrasco, áreas de degustação e seções dedicadas a produtos regionais, além de investimentos em sustentabilidade, como iluminação LED, sistemas de refrigeração eficientes e materiais recicláveis”, comenta Neto.

Segundo Tiago Silva, diretor comercial do Grupo Koch, o varejo do Sul historicamente possui relevância por sua forma estruturada de atuação e por estar aderente às necessidades e desejos dos clientes. “Isso envolve o formato de lojas, o sortimento regional influenciado pelas imigrações e a qualidade dos produtos e serviços, sem perder algo fundamental para o setor, que é a competitividade de preços”, destaca. Atualmente, o Grupo Koch conta com 80 lojas em Santa Catarina (56 da rede Komprão Atacadista e 24 da SuperKoch).


Sortimento típico e paixão por carnes

Uma das redes mais tradicionais do Sul, o Grupo Asun conta atualmente com 40 lojas espalhadas pelas cidades de Porto Alegre, grande Porto Alegre e Litoral. Para Jairo Antonio da Silva, diretor comercial, o que torna os supermercados da região únicos em meio a um segmento tão rico e diverso é a variação grande de sortimentos típicos que são adaptados às preferências e aos costumes de cada região. “No caso do Rio Grande do Sul, os destaques são a categoria de vinhos produzidos na Serra Gaúcha, os produtos artesanais como o mel, a rapadura e doces, em geral, cervejas artesanais, erva mate, carne bovina e alimentos sazonais como pinhão e ponkan”, conta.

“A erva mate é considerada item indispensável na cesta básica de compras do consumidor sulista, peculiaridade que não ocorre em nenhuma outra região do país. No Grupo Imec trabalhamos com mais de 40% do sortimento com produtos regionais, devido à sua importância para o cliente e para cooperar com o desenvolvimento das indústrias locais”, informa Fabiano Pivotto, CEO do Grupo Imec (Imec Supermercados e Desco Atacado), do Rio Grande do Sul, rede com mais de seis décadas de atuação no mercado.

Já no mix de produtos dos supermercados de Santa Catarina, entre os itens mais emblemáticos estão as carnes para churrasco, linguiças artesanais, queijos coloniais, vinhos finos da Serra Catarinense, cervejas artesanais, cucas, chimarrão e doces típicos como “schmier” (geleia).



Neto, da ACATS, ressalta que os consumidores da região Sul valorizam a qualidade e a procedência dos alimentos, priorizando produtos frescos, locais e de alta qualidade. Também há uma forte cultura de consumo de carnes, além de uma crescente preocupação com sustentabilidade e saudabilidade. O sulista gosta de ter um atendimento personalizado na categoria de carnes e é notório como o carvão é um importante item do sortimento.

Pivotto sustenta que uma diferença importante do Sul para o resto do país são as sazonalidades climáticas. “Com frio e calor bem definidos durante o ano, a ambientação de loja e foco de exposições de categorias específicas muda de estação em estação para se adaptar as mudanças de consumo de cada período”, revela.

Por fazer fronteira com a Argentina e o Uruguai - países do Mercosul - os supermercados do Sul também têm a oportunidade comercial de oferecer uma ampla variedade de produtos importados aos clientes, criando uma experiência de compra única e diversificada.

Desafios e meios de pagamentos

Os supermercados catarinenses enfrentam desafios como a dificuldade de mão de obra e a crescente pressão por eficiência operacional, em meio ao aumento dos custos logísticos e energéticos. Além disso, a mudança no perfil do consumidor, que busca cada vez mais conveniência, sustentabilidade e personalização, tem exigido investimentos em tecnologia e inovação.

“A competição com grandes redes nacionais e a necessidade de fidelizar os clientes locais também são pontos importantes, assim como a gestão de estoques para atender à demanda por produtos frescos e regionais, que são marcas do setor em Santa Catarina”, explica Neto, da ACATS.

A falta de mão de obra qualificada, questão crucial do varejo alimentar, é uma questão sensível na região, pois o turnover é alto. Outro desafio é a gestão de custos fixos como energia, água, aluguel e frete e margens cada vez mais apertadas.

Segundo Silva, do Grupo Asun, o consumidor da região Sul tem o hábito de fazer compras maiores e/ou mensais - fazer o “racho”, como se diz em algumas regiões. “Outro hábito são as feiras de hortifruti que se concentram em alguns dias da semana e integram o planejamento de compra semanal dos consumidores”, destaca. “Aqui no Sul, a participação de dinheiro como meio de pagamento vem caindo muito ano após ano, e vem dando lugar ao PIX, que já representa 12% dos pagamentos”, conta Alexandre Quadros, diretor geral do Grupo Koch.

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