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Por Dill Casella
9 de setembro de 2024

Uma crônica sobre análise de dados dos clientes

Confira o novo artigo de Dill Casella para a SuperVarejo

Você se lembra da Dona Rose, do artigo anterior?

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Desta vez, um pouco sem graça em assumir, ela está observando os carrinhos de compras dos outros clientes.

Ela passeia pelo supermercado, apoiada em seu carrinho e passa um scanner nos outros em seu caminho.

Analisa as compras ora organizadas, ora “despejadas”, associando o consumo ao seu “motorista” e família.

Tem o light, de compras para o bem-estar e cuidados da família, com frutas, legumes, produtos naturais e nota a condutora: moça elegante, olhar decidido, pés finos e andar de passarela.

“Ela deve zelar muito pela família e ter tempo para preparar alimentos saudáveis” – pensa imediatamente.

Ao virar o corredor, quase bate de frente com outro carrinho que faz manobra imprudente. O rapaz que dirige e, ao mesmo tempo envia áudios, desculpa-se. Ela deixa o olhar cair no “veículo do piloto de F1”. Ali tudo está processado, sem precisar picar uma cebolinha sequer para temperar. Só de pizza pronta, tem três, fora as lasanhas congeladas.

“Coitado... vive sozinho, é explorado pela firma que trabalha e tem que fazer as compras sozinho, tudo rapidinho. Deve jantar com o notebook ligado e mais de trezentos e-mails por dia...”

Agora à sua frente uma senhora muito distinta, carrega não somente a lista de compras: ao seu lado sua nutricionista, que empurra o carrinho, orienta o que e quais quantidades levar.

“Que chique, hein! Como o mundo evoluiu... Ela deve ser muito disciplinada”.

O que a nossa mascote está fazendo do jeito dela é o que todo supermercado deveria estar fazendo: a análise de dados dos clientes.

Toda vez que os varejistas conhecem o comportamento dos seus clientes (histórico de compras, dados demográficos, etc), fica claro o entendimento dos motivos que os levam ao estabelecimento e de como devem fazer para melhores estratégias de vendas e marketing.

Esses dados são cruciais para definir se os produtos nas gôndolas, ou novas linhas a serem adotadas, estão alinhadas com o perfil dos consumidores de cada loja.

Dona Rose se distrai “num cruzamento” e bate seu carrinho na pilha de caixas de sabão em pó da promoção.

As embalagens caem no corredor em frente aos checkouts, fazendo barulho enorme, seguido do olhar de todos nas filas e de um silêncio denunciador. A tragédia só não é maior porque os produtos somente perdem a arrumação feita de maneira criteriosa por Cleide, a funcionária do mês.

Cleide percebe a situação desconcertante, a vergonha da cliente fiel e, numa sacada inesperada, liga o microfone do promotor, como numa entrevista:

- A senhora está bem?

- Sim... mil desculpas pelo ocorrido...

Cleide interrompe:

- A senhora tem alguma mensagem positiva aos nossos clientes?

A cena continua paralisada, como se estivessem todos na gravidade da lua. A resposta vem com a voz trêmula, já um pouco enfraquecida, acompanhada de sorriso franco:

- Os carrinhos estão lindos! Meu imenso CARINHO por todos vocês...

E o supermercado tem a atmosfera de gol de Copa, com palmas e gritos de “Dona Rose, Dona Rose”.

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