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Economia
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Por Redação
12 de março de 2025

Ovos: entenda alta nos preços

Fatores como clima e substituição de proteínas alavancam valores do alimento, cuja identificação obrigatória foi revogada para ampliar discussão sobre o tema

Mesmo após o Carnaval, a alta no preço dos alimentos - principalmente dos ovos - segue sendo um dos assuntos mais debatidos. De acordo com a assessoria de imprensa do IOB (Instituto Ovos Brasi), entidade que reúne produtores de todo o país, a recente alta no preço dos ovos resulta de uma combinação de fatores, incluindo custos de produção, condições climáticas e de mercado, entre outros.

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No que se refere aos custos, o preço da saca de milho, principal insumo do setor, registrou alta de mais de 30% desde julho de 2024. Embora o impacto não tenha sido imediato, a elevação dos custos tornou inevitável o repasse para o consumidor final, o que onera o produtor.

Simultaneamente, o aumento no preço de outras proteínas, como a carne bovina, tem impulsionado a demanda por opções mais acessíveis, como o ovo. Além disso, as altas temperaturas registradas no início do ano afetaram a produtividade das aves, impactando diretamente a oferta e os custos de produção.

Ainda conforme o IOB, o ovo se consolidou como uma importante fonte de proteína básica, o que tem resultado em um aumento no consumo per capita. Em 2023, o consumo foi de 242 unidades, subindo para 269 unidades em 2024, com uma expectativa de alcançar 272 unidades por pessoa em 2025. Vale lembrar que quase toda a produção brasileira é destinada ao mercado interno, com exportações representando menos de 1% do total. Esses números são preliminares e foram fornecidos pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

"Há a possibilidade dos preços diminuírem, até mesmo na Páscoa, olhando a dinâmica do mercado exclusivamente de ovos, mas isso vai depender muito da evolução do preço da carne. Se a substituição continuar, dificilmente esses preços cairão muito significativamente", observa Claudio Felisoni de Angelo, Presidente do IBEVAR (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo) e membro do Conselho Curador da FIA Business School.

Medidas revogadas

No último dia 27, a Secretaria de Defesa Agropecuária/Ministério da Agricultura e Pecuária revogou a lei que entraria em vigor este mês determinando a obrigatoriedade de rotular individualmente as cascas os ovos comercializados no Brasil. A regulamentação faria parte de um conjunto de medidas para aumentar a segurança alimentar, garantir a rastreabilidade e oferecer informações claras aos consumidores.

Para Claudio Felisoni, do IBEVAR, medidas destinadas à maior transparência das relações são sempre positivas, principalmente para balizar as interações entre vendedores e compradores. "Entretanto, não podemos deixar de considerar que há impactos nos custos de curto prazo. E esses reflexos são muito mais difíceis de serem mitigados ou superados pelos pequenos e médios produtores no mercado. A consequência seria, obviamente, um aumento dos preços na ponta, porque os supermercados também seriam obrigados a fazer o repasse aos consumidores. Evidentemente, o momento não é dos mais propícios para essa rotulagem", comenta.

A decisão foi tomada para aprofundar o debate sobre a implementação da medida com a sociedade e o setor produtivo, já que este apontou dificuldades operacionais e aumento de custos para a adequação às exigências. A decisão visa evitar custos adicionais aos produtores e garantir a continuidade do crescimento do setor.

Com a revogação, os ovos vendidos sem embalagem primária não precisarão mais ser individualmente identificados. A exigência de rotulagem individual mantém-se apenas para aqueles comercializados em embalagens rotuladas. E os ovos comprados em caixas de papelão no supermercado, por exemplo, devem ter as informações de data de validade na caixa.

Supermercados em ação

"Com relação aos ovos vendidos nos supermercados GoodBom, eles possuem uma embalagem primária rotulada, com a data de validade já impressa no cartucho. Conforme diz a própria portaria, esses estão dispensados do cumprimento de tal norma. Na minha opinião, essas regulamentações ajudam a assegurar que os consumidores tenham acesso a produtos saudáveis e seguros", avalia Simone Vencato, gerente Contábil Fiscal da rede.

Para Fernanda Dalben, diretora de Marketing da rede Dalben Supermercados, a rotulagem de ovos é um avanço importante para o mercado, pois fortalece a transparência e a segurança alimentar. "Porém, sua implementação exige um esforço conjunto entre fornecedores, varejistas e órgãos reguladores para garantir que o processo seja eficiente e que os impactos para o consumidor final sejam minimizados", afirma.

Ela ainda explica que a alta dos preços vem sendo um desafio constante e a estratégia da rede tem sido diversificar o sortimento para oferecer opções em diferentes faixas de preço, negociando com fornecedores para manter condições competitivas. "Também investimos em promoções, principalmente segmentadas via CRM, que garantem qualidade com preços mais acessíveis", conta.

Ainda conforme Fernanda, um dos desafios da possível rotulagem é a adaptação dos fornecedores, que precisam ajustar seus processos para atender às exigências, o que pode gerar impactos no abastecimento e custos adicionais. "Sem contar os estoques remanescentes. Os prós incluem maior transparência na cadeia produtiva, o que melhora a confiança do consumidor. A padronização das informações também facilita a categorização dos produtos e pode ajudar na rastreabilidade", analisa.

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