Páscoa: sazonalidade é desafio para logística

Eventos sazonais, como a Páscoa, que atraem consumidores de produtos bastante específicos para os supermercados, podem mudar completamente a dinâmica da logística dos varejistas. Para estar preparado para as datas especiais e ter a menor quebra possível, é preciso muita organização e preparação.

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“O planejamento é feito com base nas vendas de anos anteriores. Utilizamos sistemas que armazenam informações históricas e nos auxiliam na tomada de decisões”, fala Claudecir Aparecido Franzini, gerente de Mercearia Doce do Covabra Supermercados.

Acertar esse exercício de futurismo é essencial para ter bons resultados. “Os picos sazonais geram uma série de desafios para a cadeia de abastecimento, incluindo a dificuldade na assertividade da previsão de venda e gargalos operacionais. As sazonalidades geram flutuações significativas na demanda, o que exige um planejamento específico para cada tipo de produto, em cada época do ano, em cada região e em cada formato”, explica Marcelo Lopes, head de Logística e Supply Chain no Grupo Carrefour Brasil.

Segundo o executivo, é preciso uma boa preparação para estar pronto para a demanda. “O grande desafio é, de fato, mapear todos esses detalhes de sazonalidades, armazenar dados de anos anteriores e transformá-los em informações que nos ajudam a construir um plano de vendas com um grande mix de produtos, conectado a cada região, condição de mercado e ao que o cliente busca. Para evitar gargalos e operar os picos sazonais de maneira eficaz, nós tratamos as grandes sazonalidades como uma espécie de projeto. É formado um grupo de trabalho com equipe multidisciplinar, como planejamento, centro de distribuição, transporte, abastecimento, comercial e equipe de lojas”, pontua.

Para a Páscoa, por exemplo, que neste ano será no dia 20 de abril, as lojas do grupo recebem os ovos, que começaram a ser produzidos no ano passado, logo depois do Carnaval. A logística já está em planejamento há cerca de 8 a 9 meses.

“Por se tratar de um grande evento com impacto relevante nas vendas, o planejamento de volumetria entre varejo e fornecedores começou ainda em setembro de 2024. Em dezembro, foi feito o planejamento de todo o cadenciamento de entrega com os fornecedores para cada uma das regiões do país.Esse é um planejamento fundamental para evitar gargalos nos CDs, transportes e operação de loja”, conta o executivo do Carrefour.

Outra preocupação dos varejistas é conseguir as melhores condições. “No caso dos ovos de Páscoa, iniciamos as conversas com alguns fornecedores em dezembro e finalizamos os pedidos em janeiro. Já para os chocolates, abrimos as negociações em janeiro, pois as empresas geralmente oferecem prazos de pagamento para depois da Páscoa”, diz Franzini. No Covabra, os produtos também já estão chegando às lojas. “Já estamos finalizando a montagem das parreiras para receber os ovos. No caso da Ferrero, fomos a primeira empresa a receber os ovos. Como eles não dependem de parreiras, já estão em exposição desde janeiro”, complementa.

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Mas nem só de ovos de Páscoa vem o faturamento dessa época. “Para esse período, temos também o plano de abastecimento para a preparação do grande almoço em família, em que o consumo de peixes aumenta de forma expressiva, como o bacalhau fresco, com vendas que crescem quase 10 vezes em relação à média dos outros meses. Temos também outros itens com grande aumento de demanda para o almoço, como enlatados, maionese, leite condensado para sobremesas e vinhos. Alguns desses itens já começam a ser ativados com exposição massivas nas lojas ainda em janeiro”, afirma Lopes.