Por Kátia Bello
1 de novembro de 2023Conversas sobre Arquitetura
Inicio hoje uma série de artigos
para conversarmos sobre arquitetura, design de varejo, vivências do meu dia a
dia como empresária e arquiteta, projetando lojas e viajando para conhecer
supermercados e entender diferentes realidades operacionais
?Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive?
Fernando Pessoa
Inicio hoje uma série de artigos
para conversarmos sobre arquitetura, design de varejo, vivências do meu dia a
dia como empresária e arquiteta, projetando lojas e viajando para conhecer
supermercados e entender diferentes realidades operacionais
A esta altura você deve estar se
perguntando o que Fernando Pessoa tem a ver com arquitetura de varejo. Na minha
visão este poema sintetiza o raciocínio que define como devem ser pensadas as
intervenções que fazemos em nossas lojas.
Vocês já pararam para pensar que quando
alguém resolve pintar a parede de uma loja de uma cor específica, ou trocar o
mobiliário ou alterar a iluminação, está tomando uma decisão de arquitetura, e
que esta decisão, que parece pequena, pode comprometer ou contribuir para o
todo, impactando-o de maneira positiva ou negativa?
Atualmente, todos temos muitas
coisas para fazer ao mesmo tempo, muitos whatsapps para responder, redes
sociais para interagir e com isso a tentação de arquitetar (ou viver) na
superfície é grande. Por vezes, agimos como verdadeiras máquinas de tomar
decisões fragmentadas, sem o tempo necessário para aprofundamento ou
planejamento.
Quando
essas decisões fragmentadas são feitas sem levar em conta o impacto na
arquitetura total, e, portanto, nos usuários do espaço, elas podem interferir
bastante na vida das pessoas e na performance dos negócios. Vou dar um exemplo,
usar a combinação vermelho e amarelo pode exprimir a mensagem positiva de
empolgação e deixar as pessoas mais cheias de energia, o que as incentiva a
circularem mais rapidamente. Uma escolha de cores muito boa para um restaurante
de fastfood com menos mesas que a demanda de público e que tenha a intenção de
fazer as pessoas desocuparem rapidamente as mesas para rentabilizar o espaço.
Porém, a mesma combinação de cores a que o cliente ficará exposto por pouco
tempo, cheio de energia e feliz, pode ter um efeito negativo nos funcionários
que permanecerão muitas horas num espaço que foi projetado para curtas
permanências. Neste momento é importante trazer a estratégia de pensar no todo,
sem exclusões, preparando, por exemplo, uma sala de descanso para os
funcionários com cores, formas, texturas, iluminação, enfim um design de
ambiente que reestabeleça o equilíbrio emocional.
Talvez você não imaginasse que
uma simples pintura de parede pudesse ter tantos desdobramentos, não é?! Então
me conta sobre o que você gostaria que falássemos aqui (@katiabelloopus) e vamos imaginando e pensando juntos em
nossos próximos encontros. Até breve!!