
Por Redação
25 de março de 2025Millennials no supermercado: o que a Geração Y mais busca no varejo alimentar
Comportamento de compra, preferências e exigências da geração Y ditam novas regras do consumo nos supermercados brasileiros
Os corredores dos supermercados brasileiros nunca foram tão desafiadores para os varejistas, que precisam lidar com diferentes gerações dentro do mesmo ponto de vendas. A Geração Y, composta por aqueles nascidos entre o início dos anos 1980 e meados dos anos 1990, representa hoje 32,2% dos compradores físicos de alimentos no país, segundo dados do Monitor do Varejo Alimentar da TOTVS.
Esse número, que cresceu 3,19% apenas no último ano, reflete uma mudança profunda no comportamento do consumidor que está obrigando redes varejistas a repensarem desde o layout das lojas até a composição de seus mix de produtos. Mas o que realmente diferencia os millennials das outras gerações quando o assunto é fazer compras no supermercado?
Três pilares emergem como fundamentais em suas decisões de consumo: uma preocupação genuína com saúde e bem-estar, uma demanda por conveniência sem concessões e uma busca por experiências de compra que combinem perfeitamente o físico e o digital. Essas características estão redefinindo o que significa ser um supermercado bem-sucedido na década de 2020.
Saúde como prioridade
O relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que 80% dos millennials consideram os benefícios nutricionais como fator decisivo em suas compras de alimentos, índice 25% superior ao verificado entre os baby boomers. De acordo com o o relatório, essa obsessão por bem-estar não é moda passageira, mas sim uma mudança estrutural no comportamento do consumidor.
Nos supermercados, essa tendência se manifesta de forma clara:
- Frutas frescas lideram as preferências, presentes em 28,9% das compras dos Millennials
- Legumes e vegetais aparecem em 21,5% das cestas
- Produtos de padaria, que tiveram aumento de 8,1% na participação
- Enquanto isso, doces e confeitaria registraram queda expressiva de 25,1%
De acordo com o diretor-executivo de Varejo da TOTVS, os millennials não estão apenas buscando alimentos mais saudáveis, eles também exigem transparência total sobre origem, processo produtivo e impacto ambiental de cada item que colocam no carrinho. Essa demanda por informação vai muito além da tabela nutricional tradicional, incluindo detalhes sobre uso de agrotóxicos; condições de trabalho na produção; pegada de carbono; e embalagens sustentáveis.
A pesquisa da McKinsey & Company complementa esse cenário: durante a pandemia, 73% dos millennials aumentaram o consumo de orgânicos e alimentos funcionais, criando uma demanda permanente por esses nichos. "O que começou como preocupação com imunidade durante a crise sanitária se transformou em hábito consolidado", analisa a consultora sênior da McKinsey, Laura Mendes.
Conveniência sem concessões
Os números do varejo alimentar, segundo o levantamento da TOTVS revelam um paradoxo interessante: enquanto o ticket médio subiu 5% (para R$ 112,42), o volume de itens cresceu apenas 3%. Esse dado sugere que os millennials estão dispostos a pagar mais por menos - desde que os produtos atendam a seus critérios de qualidade e conveniência.
O padrão de compra dessa geração desafia a lógica tradicional do "supermercado mensal" já que as compras de emergência (que reúnem até 4 itens) representam 46,4% das visitas nas lojas supermercadistas. As lojas de proximidade registraram aumento de 11% nas vendas para esse público, enquanto o uso de self-checkout cresceu 18%. O relatório também destaca que 62% prefere fazer várias compras pequenas a um grande abastecimento mensal.
Segundo a diretora de marketing do aplicativo de entregas Zé Delivery, os pedidos de mercados cresceram 40% entre os millennials e esse perfil de consumidor trata o supermercado físico como uma extensão do digital, exigindo a mesma agilidade do e-commerce no varejo físico.